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Instagram avaliado em US$ 500 milhões

Não há placas na fachada do escritório dessa pequena – porém multimilionária – start-up, localizada em uma rua arborizada de São Francisco, na Califórnia. Tampouco há seguranças ou recepcionistas no endereço que já foi o quartel-general do Twitter. No local há só uma porta de vidro, que dá direto para a rua. Toco a campainha. Ela está quebrada. Só me resta bater na porta. Após algumas batidas, eis que surge um jovem alto e magro. Trata-se do americano Kevin Systrom, 29 anos, CEO e cofundador do Instagram, uma rede social simples e viciante, com a qual se podem aplicar filtros em fotos tiradas com o iPhone e compartilhá-las com os amigos.


Apresento-me e digo que procuro seu sócio, o paulistano Mike Krieger, 25 anos. Ele me convida a entrar. Subimos alguns degraus e viramos à direita. O escritório ocupa a antiga sala de reunião do Twitter. Outras start-ups dividem os demais cômodos. “Temos visita para você, Mike”, avisa Systrom. Krieger se levanta. Ele traja camiseta, calça jeans e está descalço. Entrego-lhe um exemplar da edição 707 da DINHERO, de março do ano passado, sobre empreendedores brasileiros no Vale do Silício, em que Mike saiu na capa. “Tinha visto online e no iPad, mas essa é a primeira de papel que vejo”, diz Krieger. Toda a equipe, de seis pessoas, quer ver a revista. “Posso ficar com ela?”, pergunta. “É claro”, respondo.

A web é conhecida pelas histórias de sucessos surgidos quase que do dia para a noite – com o Instragram foi literalmente assim. O programa foi colocado na App Store, loja de aplicativos para iPhone e iPad, da Apple, no dia 6 de outubro de 2010. Em algumas horas, já somava milhares de downloads. “Chegamos a pensar que estávamos enganados”, lembra Krieger, um tipo que aparenta estar em permanente bom humor.  Não, não havia nenhum engano. E a velocidade com que a empresa seguiu crescendo desde então impressiona ainda mais. No fim de 2011, a Apple elegeu o Instagram o aplicativo do ano para iPhone. Há mais de 500 mil apps para o smartphone da maçã. A repentina popularidade conquistada, graças à App Store, representa um novo paradigma para o setor.

Quando despontou, a empresa não tinha escritório nem investidores e nem sequer um domínio web permanente. Com um ano e meio de vida as coisas vêm mudando rápido. O aplicativo, que em janeiro somava 15 milhões de usuários, já quase dobrou de tamanho. Não é pouca coisa. O Facebook levou mais de três anos para atingir a marca de 30 milhões de usuários. Detalhe: não é possível usar o Instagram em um PC ou outro aparelho móvel que não da Apple. O lançamento da versão para smartphones e tablets Android deve ocorrer em abril. E, com 300 milhões de dispositivos com o sistema do robô verde do Google no mundo, a escalada do Instagram tem tudo para se acelerar. Não foi só a base de usuários que dobrou nas últimas semanas.

A equipe atual já soma 14 pessoas e ainda deve crescer muito, segundo Krieger. No início de março, algumas semanas após a visita da  DINHEIRO à sua sede, o Instagram mudou-se para um prédio bem maior e envidraçado do outro lado da mesma rua. “Agora, sinto que estamos em casa”, diz. O crescimento exponencial e a adesão de celebridades e poderosos, como o cantor Justin Bieber e o presidente americano Barack Obama, retardaram o lançamento para Android. E, mais importante, levaram a equipe técnica, liderada por Krieger, a reescrever o aplicativo. Uma necessidade para que o serviço suportasse o crescimento explosivo e sua transformação em uma ferramenta de comunicação visual em tempo real e em escala planetária.

Resultado: usuários satisfeitos e uma plataforma que, diferentemente do Twitter, há meses não sai do ar.“A grande lição que aprendi é que você nunca estará preparado para os desafios que vão surgir”, diz Krieger. “O importante é aprender rápido e poder consultar pessoas que já passaram por coisas parecidas.” Coincidência ou não, entre os investidores do Instagram está Jack Dorsey, presidente do conselho do Twitter. “Admiro o Jack por sua dedicação e forte senso de design”, diz Krieger. Como se tudo isso não bastasse, o Instagram levantou mais de US$ 40 milhões em uma recente rodada de investimento e já está valendo US$ 500 milhões, de acordo com o The Wall Street Journal. E isso, como é comum entre as redes sociais nos primeiros anos, sem gerar um centavo de receita.

Recentemente, no entanto, em um evento nos EUA, Kevin Systrom deu alguns detalhes sobre o modelo de negócio que ele e Krieger desenham para o serviço. “Nossa unidade de comunicação no Instagram é uma foto”, disse. “Anunciantes de todo o mundo falam por meio de imagens.” Por essa razão, Systrom diz que o serviço é “a próxima grande oportunidade no negócio de publicidade display”. Trata-se de um mercado de rápido crescimento, que movimentou mais de US$ 20 bilhões globalmente, em 2011, e é disputado por Google e Facebook, entre outros. “Temos muitas ideias de como ganhar dinheiro”, diz Krieger, sem dar detalhes. Por ora, ele diz ter outras preocupações, a começar por ampliar a equipe.

“Mais do que diplomas das principais universidade, buscamos curiosidade intelectual, demonstrada por projetos pessoais, acadêmicos, etc.”, afirma. “A inovação vem sempre dessa curiosidade”, diz Krieger, que se formou na renomada universidade Stanford, na Califórnia. Embora não faça planos de voltar ao País tão cedo, ele se diz empolgado com o potencial das novas start-ups nacionais. “Realmente, estamos só começando, mas acredito que temos potencial para ir bem longe”, afirma Krieger. Ainda é cedo para saber quão longe eles irão. Mas, pelo que já construíram em tão pouco tempo, com uma equipe tão enxuta, está difícil discordar desse brasileiro que tem tudo para seguir brilhando no Vale do Silício.

Fonte: Isto é Dinheiro

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