Robotização e automação na Logística do E-commerce
Mais uma vez a ComSchool e ABComm estiveram representando o ecommerce brasileiro em um dos mais inovadores eventos de logística para e-commerce. O evento desse ano foi em Londres (ano passado foi Berlim e retrasado em Luxemburgo).
O evento é fechado para convidados. Então são profissionais de altíssima qualidade. Mais de 800 influenciadores do e-commerce europeu, sendo 80% varejistas e 20% fornecedores exclusivamente do setor logístico, se reuniram em busca de inovações, provocações por mudanças e para fazer bons negócios, claro.
Assim como no ano anterior, a ComSchool e ABComm foram as únicas instituições latino-americanas convidadas.
A nossa participação no ano passado rendeu um interessante artigo que você pode ler aqui sobre o futuro da logística no e-commerce.
Dessa vez discutimos durante dois dias as inovações, dificuldades e oportunidades da logística no e-commerce mundial.
Aqui vão algumas observações.
As oportunidades dos first movers para avanço tecnológico na logística do ecommerce são mais fortes na automação e robotização, tendo como principais pontos:
Busca pela otimização da última milha (LMO: Last Mile Optimization)
Performance operacional no picking e packing (ou seja, redução de custos e lead time)
Inovações em embalagens (aqui tem muito espaço para inovar)
Experiência do consumidor
Padronizações (uma obsessão na União Europeia)
Inteligência Artificial.
Com relação a robotização, um dado apresentado me chamou a atenção: estima-se que nos próximos cinco anos cerca de 1,5 milhão de pessoas na Europa ficarão desempregadas por causa da robotização.
Você pensa que no Brasil será diferente? O que você tem feito para se qualificar? Tem incentivado sua equipe a aprender habilidades necessárias para esse novo mercado? Veja aqui alguns cursos úteis para aumentar as habilidade digitais.
Droids e drones continuam sendo grandes apostas o LMO (Last Mile Optimization) para reduzir custos e aumentar performance na última milha.
Não à toa, pois segundo um outro dado apresentado no evento, as últimas cinco milhas representam em média, 40% dos custos logísticos de todo o trajeto do produto (ponta-a-ponta).
Deixando a última milha um pouco de lado, se olharmos para dentro das operações de e-commerce, há um ecossistema incrível de startups e empresas inovadoras lançando produtos e serviços para automação do picking e packing (warehouse automation).
A empresa CMC Machinery, por exemplo, me surpreendeu com sua tecnologia. Já confirmamos uma entrevista exclusiva com seu CEO para próxima edição da revista Performance Digital.
Veja abaixo um pouco da tecnologia de automação da CMC:
Nos workshops sobre robotização e automação de armazéns e centros de distribuição foram apresentados estudos e planos de negócios mostrando que o investimento nesse tipo de tecnologia só passa a valer a pena em operações que tenham pelo menos 30 pessoas trabalhando.
Outro cálculo apresentado em um dos planos de negócios, demonstrou que é possível ter ROI em apenas três anos ao automatizar um centro de distribuição. Isso considerando leis de trabalho flexíveis e liberais, como na Inglaterra.
Além de braços mecânicos para picking, esteiras e leitores, a CMC demonstrou ao vivo uma máquina muito interessante que corta e dobra papelão em diversos tamanhos para acondicionar o pedido em caixas de tamanho exato, evitando desperdícios de papel e reduzindo (muito) os custos de transportes.
Além de cortar e dobrar o papelão, transformando-o em caixa, a própria máquina já embala o produto e personaliza a parte de fora da caixa com uma impressora industrial colorida super-rápida, podendo ser o seu logo ou qualquer outra imagem para se comunicar com o consumidor.
Isso é chamado de “Packvertizing” ou “Packvertising”, ou seja, a soma das palavras “Pack” (Pacote) e “Advertising” (Publicidade).
Isso aumenta muito a experiência do usuário de várias formas. Quantas vezes você já comprou pela internet e recebeu uma caixa cheia de espaço vazio e pensou “que desperdício”? Além disso, um pacote chegando na casa do consumidor, com uma impressão colorida (seja logo ou outra coisa), ajuda muito.
Quem preferir ter embalagens mais discretas para evitar furtos e violações dos pacotes e não quiser imprimir nada do lado de fora da caixa, a máquina também pode imprimir do lado de dentro da caixa!
Eu vi várias caixas de exemplo e realmente dá uma sensação boa ao abrir a caixa e ver uma imagem com mensagens da loja.
Já há lojas virtuais de brinquedos e moda infantil que imprimem dentro das caixas, brincadeiras para crianças, tais como desenhos para colorir ou mapas de ruas para brincar de carrinhos, por exemplo.
A impressão dentro da caixa pode ser feita também para ajudar o cliente na devolução do produto, basta ele dobrar nas linhas pontilhadas para reaproveitar a caixa pelo avesso.
No Brasil ainda temos muito que evoluir em termos de embalagens. Enquanto na Europa os fabricantes de bens de consumo já estão pesquisando embalagens para seus produtos, de forma que já saiam da fábrica, em embalagens que possam ao mesmo tempo ser usadas nas prateleiras das lojas físicas e postadas no e-commerce!
Assisti um workshop da empresa DS Smith, que apresentou um estudo mostrando que cerca de 24% dos espaços internos das embalagens transportadas pelo mundo levam ar, ou seja, são espaços vazios.
Ao reduzir esses espaços nas embalagens, seria possível reduzir custos logísticos em mais de 46 bilhões de Euros (considerando somente Europa) e economizar a emissão de mais de 122 milhões de toneladas de carbono na atmosfera.
Se você pretende fazer ecommerce cross borders e vender para e-consumidores europeus, saiba que a partir de 1º de janeiro de 2021 os códigos de barras para os pacotes que chegam na União Europeia terão exigência de novo padrão (segundo a palestra de um executivo da GS1). Os exportadores já estão se preparando para isso.
Ainda na palestra da GS1, eles estão fazendo um estudo global para padronizar os códigos de barras das etiquetas de postagens de e-commerce e assim aumentar a eficiência logística.
Um termo que me chamou atenção e que ouvi muito pelos corredores do evento, conversando com executivos varejistas foi “Retail Apocalipse”. Estima-se que nos próximos dez anos, 30% das marcas varejistas que você conhece atualmente terão fechado suas portas por falta de competitividade digital.
Sua empresa está preparada para o mercado digital? E sua equipe? Veja alguns cursos de negócios digitais que vão te interessar.
Além do networking de alto nível com executivos europeus de empresas tais como Amazon, Adidas, Lego, Triumph, Casino e Levi’s, somente para citar alguns, a participação da ComSchool e ABComm no evento, oxigena as ideias e nos coloca em contato com fornecedores chave para lojas virtuais brasileiras que querem vender para Europa, (fulfillment, carriers, payments, etc).
Já estou esperando o convite para participar da próxima edição que será em Lisboa ?
Enquanto isso recomendo você dar uma olhada no Curso de Gerentes de E-commerce da ComSchool.
Abraços!
*Mauricio Salvador é presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, ABComm e CEO da ComSchool
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